Wednesday, January 03, 2007

Feliz 2008!

Terminamos o ano de 2006 como começamos o ano de 2007: mal. É impossível não ser pessimista ante a desordem caótica em que nos encontramos.

Mas, antes de falarmos sobre isso, comecemos com uma notícia quente: Achamos o Osama! Avisem para o Bush que Bin Laden está escondido em algum morro carioca. Não é de se surpreender que o terrorista mais procurado do mundo tenha trocado um “zistão” qualquer pela maior republiqueta de bananas da história, o Brasil.

Haja vista o terror instaurado pelas células terroristas tupiniquins, que ateiam fogo em carne viva e promovem uma guerrilha urbana em pleno verão, esta conclusão é obvia. Tal movimento armado nesta época do ano só pode ser obra de experientes guerrilheiros que não se deixam levar pelos prazeres de Ipanema numa manhã de sol de dezembro.

Há alguns anos atrás os mesmos moleques covardes, que produziram tal espetáculo de horror, estariam nas praias da zona sul tomando banho de mar e olhando as silhuetas das filhas das patroas de suas mães.

Quem mais teria o poder persuasivo de tirar os olhares indiscretos da molecada suburbana para longe de tantas paisagens, e levá-los a pegar em armas e lutar contra coisa alguma, a não ser o mesmo homem que levou moleques semelhantes a se jogarem contra prédios dentro de aviões? (Se bem que não há nada de bom para se olhar nas burkas e véus da Arábia medieval em pleno século XXI.) Só pode ser o Bin Laden.

Ironias a parte, em luto encerramos o ano de 2006, na esperança de que 2007 fosse um ano melhor. Porém, mal os supersticiosos pulavam a sétima ondinha nos litorais da nação, nós empossávamos para mais quatro longos anos nosso presidente reeleito.

De fato estas questões cerimoniais em nada me interessam. Economizaríamos muito dinheiro, e nosso precioso tempo se, simplesmente, pulássemos cerimônias de posse de presidentes reeleitos. Mas, por um desses desencontros da vida, passei pela tv e estava passando o replay do discurso de “reposse” presidencial. No momento exato em que eu olhava para tela o presidente exaltava com todas as letras, escritas no discurso à mão, o programa assistencial do governo federal.

O já perdido no espaço Fome Zero e a sua locomotiva contra a infinda miséria nacional, o Bolsa Família, se apresentam como coluna de sustentação da população esfomeada e subnutrida que se encontra polvilhada por todo o território. Quem se lembra, na ocasião do lançamento do programa Fome Zero, o IBGE, apresentando uma pesquisa que dizia que o brasileiro, na média, encontrava-se acima do peso? Eu me lembro bem, mas isso não vem ao caso.

Na realidade, uma parte considerável do povo se encontra em estado de mais absoluta miséria e, de fato, se não for assistido morre à mingua. A grande questão não é o programa em si, e talvez nem a miséria seja o maior problema, mas sim a filosofia de um governo que se esforça em não ser taxado de populista. Ressuscitaram o getulismo, que parece ter acordado com voracidade. Em pleno novo milênio o governo se vangloria de políticas que eram moda em meados do século passado e que a história já tratou de enterrar em qualquer país sério.

Em um país de assistencialismos baratos, restaurantes de um real, esmolas governamentais, o verdadeiro modo de governo é meio romano, meio tupiniqim: “Pão e Carnaval”.

O discurso que abriu 2007 não tratou apenas de assistencialismos, falou-se também em assuntos de verdadeiro interesse nacional, como o crescimento econômico. Mas, mais uma vez o tom quixotesco prevaleceu. Enquanto países em desenvolvimento crescem a taxas de 7, 8, 9%, o Brasil terá que fazer tudo certinho para crescer míseros 3%. Fala-se em Plano de Aceleração do Crescimento, mas não há qualquer menção de Reforma da Previdência. Yes, nós temos um plano! Mas como colocá-lo em prática? Até eu reconheço que isso é pedir demais.

A sensação é que estamos de fato lutando contra moinhos de vento. Só que desta vez os moinhos estão nos devorando, como vimos no Rio de Janeiro, semana passada.

Acabem com a bandidagem acabando com o assistencialismo barato e propiciando ao povo uma dignidade que está muito além de refeições. Contra a o bandido profissional, a polícia e contra o caos, a seriedade governamental tratando destes assuntos como um dos sintomas da mesma doença social que causa a fome e a miséria.

O assunto é tão ultrapassado, que me dá vergonha de estar escrevendo sobre ele. Nos anos 80 os meninos do rock nacional já esbravejavam: “a gente não quer só comida”. Depois de tantos anos de políticas públicas compromissadas em fazer do povo um dependente de políticas públicas, basta-nos aguardar, ou então, desde já lhe desejo um feliz 2008, porque este 2007, já pode estar perdido.

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

é, vai desejando Feliz 2010 porque o "Papai Noel dos Pobres" vai durar até lá, a não ser que alguém pense um pouquinho e o tire de lá

11:51 AM  
Blogger Kíssila said...

Amigo, vc tá de parabéns com sua crônica. Quer uma sugestão? Manda pro jornal O Globo/ UOl, sei lá. Tenho certeza de q eles vão publicá-la. Ó, a dupla tá de pé!?

12:45 PM  
Anonymous Anonymous said...

Fala Carlos! Legal a crônica, mas como voce bem sabe, terei que discordar de algumas coisas. Primeiro: Os meninos dos morros e os meninos de Bin Laden são fruto do mesmo processo histórico atual, contudo sao também diferentes e ai vale pensar qual é este processo, ou seja, as caracteristicas dos nossos tempos. Mas, será que podemos chamar o que acontece no Rio de guerra cívil ou terrorismo? Nao acredito. Além disso, o problema das drogas e das favelas no Rio é bem complexo, e uma das maiores complexidades é: Quem financia o tráfico?? Nao, não estou perguntando quem consome, mas aqueles que investem seu dinheiro no negócio. Será que é o Marcinho VP? Mais uma vez, não acredito.
Segundo: Quanto ao Lula a pergunta é semelhante: Ele é populista? o populismo é um processo histórico datado e acho que tem muitas diferenças com o governo Lula. Vide o apoio aos banqueiros e ao Capital Financeiro. E, mais uma reforma da previdencia? Isso nao vai resolver lhufas.
Mas em uma coisa voce tem toda razão: As políticas públicas do governo Lula são pifias, retóricas, demagogas e imediatistas. E 2007 nao promete muito.

5:08 PM  
Anonymous Anonymous said...

Carlitos, ideias fervem...

1:24 AM  

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