Wednesday, February 28, 2007

Um pouco acerca do cristianismo (parte 1)

Filmes biográficos estão sempre a um passo da total mediocridade. Se alguém é interessante o suficiente para se tornar um filme, é porque sua vida merece ser contada. E compilar uma vida, por mais curta que seja é dificílimo em uma hora e pouco de filme. Pode ficar longo, chato e entediante, e (ou) na maioria das vezes incompleto.

O último filme deste gênero que assisti foi Johnny e June, Ring of Fire: The Passsion of Johnny & June, sobre o cantor americano Johnny Cash, uma espécie de Elvis Presley menos famoso e mais talentoso. Cash é o astro de rock típico dos anos 50, ou seja, ex-rapaz de família, ex-crente, viciado em bolinhas, rodando os Estados Unidos de carro, fazendo turnês, antes de se tornar de fato famoso. Mas como todo astro do rock, ele cai, vai preso, larga a família e tudo aquilo que estamos acostumados. Ele se apaixona pela parceira musical, June, e é ela quem acaba ajudando-o a sair do fundo do poço.

Eu não perderia tanto tempo falando sobre este filme se não fosse por uma cena, uma ceninha no meio de uma musica (o filme tem várias, e boas!). É a parceira, agora amiga e futura esposa, o levando a uma igreja evangélica.

O que me impressionou tanto é que June também era divorciada. E ser divorciada no sul dos Estados Unidos na década de 50 e 60 não era para qualquer um. Enfrentava-se de tudo: preconceito, ofensas, olhares de condenação por todos os lados. Os puritanos norte americanos sabiam (e sabem até hoje) separar os “santos” dos “profanos”.

Para que fique bem claro que o “cristianismo” vivido pelos segregacionistas de toda espécie é apenas uma vertente de tudo aquilo que o próprio Cristo foi contra é que estou escrevendo estas palavras. O verdadeiro cristianismo, parafraseando C.S. Lewis, é puro e simples. Este purismo e simplicidade derivam das próprias palavras e ATITUDES de Jesus. Atitudes em maiúscula, já que palavras o vento leva e de nada adianta um calhamaço de papel sobre vida se não se vive o que está escrito.

Jesus não separava “santos” e “profanos”. Ele convivia com todos. Exortava a todos. Amava a todos não só da boca pra fora, mas da alma pra fora, se é que você me entende.

A dificuldade do ser humano em amar o diferente de si é tão grande que, por exemplo, só porque Jesus, com palavras, impediu que os homens apedrejassem a mulher pecadora já estão dizendo que ele casou com ela, teve um filho e blábláblá. Ele não poderia só ama-lá? Tinha que também querer transar com ela?

Lendo Phillip Yancey neste final de semana me deparei com algo fantástico. Ele tem um amigo homossexual, e vivem perguntando-lhe como ele pode ser amigo de um gay. A resposta dele é: como ele pode ser amigo de um pecador como eu?

Fantástico! Cristianismo límpido! A única segregação que o verdadeiro cristianismo faz é: pecado e pecador. Todos estamos no mesmo barco de Adão. Todos pecamos. Pela fé em Jesus, segundo a Bíblia, somos regenerados, mas continuamos pecando. O que menos o pecador precisa é de mais um dedo apontando para ele.

O Jesus bíblico é o Jesus cuja mão nunca aponta, mas está sempre estendida. O cristão bíblico idem. Se você é cristão, independente da igreja, e não vive isso, já passou da hora de você mudar de atitude. E se você não é cristão, a porta do céu está aberta para você, independentemente da quantidade de portas que se fecharam sobre a sua vida. E céu não é nada das historias de carochinha que nos contam para ilustrar a vida mole após a morte, céu comunhão com Jesus e pode começar aqui.

Obrigado Mr and Ms Cash, amados irmãos.

1 Comments:

Blogger Thiago do Couto said...

É nisso que você é Carlos. Falar sobre política com avidez muitos falam, poucos vivem, quase ninguém tira do papel. Mas... se me permite... vamos falar sobre Cristianismo: de doutrinas a vivências.

2:19 PM  

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