Wednesday, March 21, 2007

Magnum Opus

Ia escrever sobre os 50 anos da União Européia. Mas não vou... Então ai está meu afeto encerrado em letras.Meu Magnum Opus, já que os versos são bons e não creio escrever algo melhor que isso nem em 100 anos. Um lirismo latino, de um moço latino, para uma moça européia que provavelmente não entenderia nada desta poesia.

Ê preguiça, sô. E como diria o Ibrahim, “ademã, que eu vou em frente”.




Soneto do Amor Distante

Arde em fogo, coração maculado
Entrega-se ao amor sem pensar
Atingindo em cheio a alma do amado
Em um pranto oblíquo de além mar

Este amor, em postas, sem pecado
Branco, tal qual, algodão em planta
Desabrocha em flor, que o amor encontra
Faz-se verde, da alma, o prado

Perfume de amor, lavanda
Exala encanto em todo o pranto
Chorado em saudade de amor distante

Sangra em dor, uma canção sem canto
Este triste amor nascido errante
Na esperança, de um dia, se tornar encontro

Wednesday, March 14, 2007

Medos e saudades

Semana passada, em um chat com uma amiga, pela Internet, li uma frase que me arrepiou: “o homem me assusta”. Estava em voga o assunto sobre um homem mais velho que executara com quatro tiros uma moça mais nova que era sua antiga namorada, ou algo assim. Tudo foi filmado pela câmera de segurança do prédio onde ela estava e exibido em cadeia nacional de televisão.

Este tipo de matéria, há pouco tempo atrás, só encontraria vazão para ser levada ao grande público naqueles jornais do tipo “espreme e sai sangue”. Bons tempos de criança aqueles, em que a violência se restringia aos bairros afastados e bailes de sábado, onde os foliões de fim de semana, encharcados de cerveja, se digladiavam sem motivo aparente. E bons tempos aqueles de criança que nossos medos infantis, permaneciam na infância.

Minha amiga, assim como eu, foi criada em uma outra realidade social. O que colocava medo na gente, naquele tempo, era o Bicho Papão, o Velho do Saco, a Bruxa do Oeste, e a Cuca, do Sítio de Pica Pau Amarelo. Hoje não. Hoje quem tira o sono é o assassino do João Hélio, é o eixo do mal Irã-Coréia do Norte, é o seqüestrador relâmpago e até mesmo o presidiário, que deveria estar preso, mas mesmo em cadeias, assusta com falsos telefonemas, simulando seqüestros e aterrorizando a vida da sociedade.

O ser humano é, talvez, o único animal racional do universo. E talvez o único animal completamente imbecil do universo. Somente nós nos auto-destruimos. Somente nós destruímos nosso próprio habitat. Somente nós matamos por esporte, ou por vingança. Somente nós nos matamos! Você imagina um peixe emporcalhando o mar? Ou um macaco queimando uma floresta? Não, certamente. Mas nós além de emporcalhar o mar, queimar florestas, ainda tornamos as cidades cada vez mais inabitáveis.

Nunca foi tão forte a presença e atuação de grupos ecológicos. Dos famosíssimos Greenpeace e WWF até os estranhos e radicais como o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals). As pessoas lutam pelos direitos da natureza, ou por um tratamento ético (sic) para animais, que deveriam ser nosso alimento e pegar nosso chinelo, porque o descrédito na Humanidade é total. Não é para menos...

Em tempo de fanáticos religiosos explodindo pelo ar, a América do Norte revivendo o Imperialismo clássico e dominando pela força, o caos social globalizado, nunca se esteve tão complicado ser humano. Melhor seria se eu fosse um daqueles cachorros de madame. Digo isto, pois certa vez, fui convidado para uma festa de aniversário de cachorro. As “mães” dos cachorros ainda levam um kilo de alimento para deixar a consciência mais leve, por estar fazendo festa com bolo e doce para os cães, enquanto milhões passam fome. Me recusei a ir. Não é para menos...

Que me perdoem Charles Darwin e sua trupe. Mas, evolução? Por favor, só em outro planeta. Pois no planeta Terra, só se vê a involução moral e ética. Involução porque apesar de já sermos os mesmos depravados que realizavam que crucificações em massa desde Roma, estamos destruindo as poucas instituições que mantém o ser humano do outro lado da linha racional-irracional. Por exemplo, o casamento e a família. Para onde irá a família? Para a mesma vala que está indo a ética ocidental. Relativisamos todos os padrões morais e ainda nos perguntamos o que leva um homem a estuprar e matar crianças. Não é para menos...

Só nos resta um apelo.

Por favor, volte Cuca! Bruxa do 71, volte! Volte boneco do Fofão com a faca dentro! Volte Bicho Papão! Vocês estão fazendo muita falta.

Wednesday, March 07, 2007

Circo! Circo! Circo!

Respeitável público! O Planeta Terra orgulhosamente apresenta seu maior espetáculo! De cerca de 7000 anos de civilização, nunca se ouviu nem se viu um momento tão circense da história! Então, grude na sua cadeira que o show vai começar...

Comecemos pelo prato principal: o dono do circo. A pergunta da semana passada foi: “Se o atentado sofrido por Cheney desse certo, e ele morresse, o Bush assumiria a presidência?” Os nossos colonizadores não estão indo tão bem, afinal, estão encalacrados em dois “vietnans muçulmanos”, com um déficit público histórico que parece um aneurisma, quando estourar, já era... E estourará na mão de quem? Ou na mão de um negro, ou na de uma mulher, ou na de um italiano, ou na de um sexagenário. Serão as eleições mais exóticas da história norte-americana! Onde está aquela América pseudo-conservadora? Pseudo porque, um país que inventou Las Vegas e strippers, que dançam se esfregando numa barra de ferro, não pode ser conservadora de fato, não é mesmo?

Há também os “motoqueiros da roda da morte” e “homens bala” na versão reloud “homens bomba”. Representados pelo tragicômico presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Ele é uma mistura da Éneias Carneiro e Adolf Hitler. Quer tanto a bomba atômica quanto acabar com os judeus. A promessa deste povo é um exército de 2000 suicidas. Xiitas, sunitas, talibãs e nós neste emaranhado. Ahmadinejad é estranho, me lembra o Evo Morales, os dois deixam seu ódio pela cultura ocidental aflorar de maneiras diferentes, mas com um estranho ponto em comum: não usam gravata. Vai entender...

Como todo circo que se preze, temos os nossos bichanos. Mas vamos falar só do grande dragão chinês. Pois é, esta semana provou que o dragão chinês não é tão grande assim. A bolsa chinesa caiu 8%, levando junto o mundo inteiro. Mas, cuidado! Como continua crescendo a taxas assombrosas, ele ainda solta fogo, afinal o show tem que continuar.

Em nosso circo, ainda tem aquelas figuras macabras, tipo “mulher barbada”, “homem elefante”. São aquelas figuras repulsivas que não gostamos de ver nem em circo, mas que faz bem vê-las por trás de jaulas. Aí se encontra a África, Ásia pobre, América Latina. São as aberrações do planeta. Tê-las entre nós dá um certo gosto de circo de horrores ao espetáculo. E não é por menos. Em 2003 morreram 370 mil pessoas de AIDS na África do Sul, enquanto na Suazilândia (se você já ouviu falar deste país lhe dou um prêmio) 38% da população tem a doença. 75% dos moçambicanos são analfabetos. Em Angola, a cada 1000 crianças nascidas, 185.36 morrem. Se as estatísticas são assim, não tente imaginar a realidade.

Por fim, falemos do melhor da festa. O circo dentro do próprio circo. Até porque é melhor falar com mais calma do que se entende. A atração principal desta noite é o Brasil, representado por um torneiro mecânico pinçado a dedo, que fala errado e está fazendo tudo ao contrário do que sempre pregou. Não é por menos que a nova arrumação de governo parece mais um samba do crioulo doido. Até ex-aliado do Fernando Collor está na jogada. No Brasil, sofremos com as mazelas africanas ao mesmo tempo em que a taxa tributária é semelhante às taxas escandinavas. Pagamos o mesmo que os noruegueses para usufruir de benefícios como os nigerianos. Neste circo o leão é a Receita Federal brasileira. Além disto, somos inovadores em práticas criminosas heterodoxas. Só aqui uma pessoa é seqüestrada para que tenha o cabelo roubado. Isso mesmo, o cabelo!

Não há mais para aonde irmos. A filha rica que mata os pais, a criança deixada morta na pia batismal, o juiz ladrão, o árbitro de futebol ladrão, o político ladrão, o miserável ladrão, até o vagabundo ladrão. Hoje tem gargalhada? Tem não senhor! Hoje tem marmelada? Ah, marmelada tem, sim senhor!

Caro leitor, no Circo Terra, o palhaço, infelizmente, é você.